quinta-feira, 18 de junho de 2009

ela queria ser pequenina

Ela só queria caber dentro de duas mãos em concha e ser pequenina pequenina, do tamanho de uma chávena de café mal cheia. achava que talvez assim também as suas aflições diminuíssem

É porque nunca ninguém lhe disse que somos bem mais pequenos do que aquilo que sentimos

Factos

as pessoas são más.

as pessoas são o que não são.

as pessoas mentem.

as pessoas são falsas.

as pessoas descem degraus.

as pessoas afogam.se no mar de pessoas.

as pessoas são caixas de pandora.

as pessoas são caixas de pandora que se abrem.

as pessoas trazem o caos.

as pessoas preocupam.me.

as pessoas deixam.me cansada.

as pessoas são bonecos de trapos sem olhos.

as pessoas são bonecos de trapos com trapos na cabeça.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Metamorfose

nao durmo.

tic-tac, tic.tac, tic-tac... oscila o pendulo entre o lá e o cá e pesam os segundos na balança descaida para o não ser. Voltam a mim todas as palavras e atropelam.se na garganta outras tantas por dizer. Correm freneticos os dedos pelas teclas já gastas do piano. Entra o jazz improvisado pelos ouvidos e contenho.me no ataque epileptico que me atira para um mar de espuma. Hoje... o meu! Corpo fora da mente, mente fora do corpo, razao fora do impulso, impulso demasiado perto da morte. Morte a soltar gargalhadas, morte a ceifar a vida, morte dobrada, agarrada à barriga... risos.. risos..risos... Ofegante... ofegante corrida de olhos cosidos, postos no céu... cego,cego,cego. Escuro nos olhos, escuro dentro do corpo, escuro das maos que se fundem na caneta e pingam sangue. Papel sujo, papel gasto, papel velho. Rasga, corrompe, retira a forma. Molda, cria, nasce novamente. Sorri de olhos vendados. Retira a venda, o mundo é novo.

já não és tu.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estou

Estou na cama - oiço o coração bater contra os lençóis, ao longe oiço o teu caminhar a favor do meu, vem no vento.
Ao longe dormes, e no teu respirar oiço o mar enrolar-se nos teus pés, saltar-te para cima da cama e beijar-te devagar o sorrir como lhe pedi.Penso em ti quando a noite me rouba o teu rasto e fica só este eco com o teu nome gravado, como o meu telémovel, que às vezes, só porque sim, me pergunta por ti.Aperto-me num abraço porque tenho frio na tua ausência e a noite sem ti é mais estreita.[...]Estou dormente, o rasto bem cheio a trilhar-me de vazio os arrepios. Todos, mesmo os escondidos.
Tão longe como este sorriso a secar, sei-te regado todos os dias e sei que há tantas cores a afundar, que havemos de salvar umas quantas.Resistirão os arbustos e as neves, pintados de pouco.
Ouço o mar saliente, o mar entrelaçado nas tatuagens raspadas à faca. Sei das dores, dos sangues e conheço ainda o repouso solene dos abutres. Sei que me trarão notícias da noite prolongada até que esgote. Pedi-lhes que te regressassem com as ondas a cobrir de lua esses delírios nocturnos.Sei que chegarão, pontuais, a aumentar-te as estrelas.
Pousarão a acenar-te todas as respostas.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Anos

Passam... desfilam... quase bobos da corte, foliões, com o riso sarcástico de quem sabe que não é apreciado. Mesmo assim, insistimos em fazer festa... como que num "não os podes vencer junta.te a eles", trincamos as velas, fingimo.nos felizes e somos destruidos por dentro à passagem do tempo. Falo nós mas no fundo não me enquadro. Nem tu. Eles talvez seja o mais acertado. Pouco me interessa o passar dos dias o escorrer das horas. E tu... já nem deves saber o que é olhar um relógio.
Não sei se o teu bolo é de chocolate, de iogurte, massa folhada quem sabe. Também pouco importa. Hoje não te canto os parabéns. Sai-me apenas "um chapeu aos quadradinhos", porque sei que vais sorrir assim.

Deixo.te mil viagens e mais de 300 folhas de palavras que nunca vais ler. Conversas nossas...

Um beijo

sábado, 14 de março de 2009

Banho

Uma banheira cheia de água.
Sai tudo do corpo... a raiva, o aperto no peito, os medos e toda a sujidade debaixo dos poros que transbordam o lixo que respiramos todos os dias. Fechas os olhos e ouves os primeiros acordes de uma qualquer canção que conheces de cor porque é tua. Vais cantarolando e sorris com os sons... debaixo de água as vozes podem ser bem engraçadas. Esqueces o tempo, todos os segundos, enquanto que os teus dedos se enrugam com a àgua. Puff.... E volta tudo outra vez... a distancia... os sorrisos incompletos... as noites sem dormir e a contagem descrescente tal qual um prisioneiro na parede da sua cela.

E tudo isto... porque um dia alguém me ensinou que a nossa pele enruga porque a camada "do lado de fora" é "fixa", enquanto a de dentro absorve a àgua como uma esponja...

São só coisas que nem com banhos a esfregão de arame sairão de nós.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Interpretações

- Queria um espremedor de citrinos por favor...
*espero*

*sorriso*
*gargalhada*
- "era mesmo isto muito obrigada"

Coisas...

Desculpa-me aparecer assim sem aviso, tu já me conheces às vezes sinto assim uma coisa no peito que preciso de partilhar e o telefone não me acalma, esperar é impensável e para quem mais hei de correr sem ser para ti? espero não te ter acordado, que a minha ideia era sentar-me à tua porta e esperar amanhecer, não sei porquê mas nestas alturas é fora de casa onde me sinto mais calma. Só que pareceu-me ver uma luz miudinha por baixo da porta e pensei logo que estivesses ainda acordado e como me deste uma chave eu entrei,

é, se calhar não devia ter entrado porque afinal estavas a dormir e eu agora não te deixo descansar com tanta conversa mas sabes...eu estava em casa sentada, sossegadinha, acho que até estava a ler um livro, nem te sei dizer o que lia e de repente senti esta coisa aqui no peito, eu acho até que ela já cá estava deste que me levantei mas quando estava a ler foi tão forte que tive mesmo de parar e dar-lhe atenção. E apertava apertava, desculpa-me acordar-te mas não sei nada bem lidar com a saudade.


*suspiro*

domingo, 22 de fevereiro de 2009

No teu poema

No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida

No teu poema existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E, aberta, uma varanda para o mundo.

Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonhos inquietos de quem falha.

No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro.

José Luiz Tinoco

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Pertinho

2,33×10-10

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sou só eu...

Às vezes é a tal coisa de estar no sítio certo à hora certa/errada e de ficar/ir, parar/agir. Às vezes tudo se decide numa partícula de segundo...um pequeno gesto errado, uma paragem inapropriada, um olhar mal dirigido, uma palavra mal interpretada e tudo se perde/ganha tudo se transforma em tudo/nada.
Chamem-lhe destino ou não...eu acho apenas que é sorte/azar de saber rir/chorar, ir/ficar no momento certo...tudo coisas que se decidem por um calhar...ou não...isto sou apenas eu que acho...

Simples

mas eu nem queria mais do que ter-te em miniatura na palma da mão e parar para te sussurrar a qualquer momento como me assusta a cara de má da senhora do café ou como ela é adorável quando me sinto feliz

e tu nem tinhas de responder, um sorriso era perfeito
.

Renascer

Rasgam.se os papéis... treme a mão e recomeça... As palavras escorrem provindas de uma qualquer epifania... já não cabem... tentas agarrá-las em desiquilibrio com tanto peso mas é inútil... vão.se acumulando e percebes que em poucos instantes te vão sufocar... Afogado num mar de palavras... poderia ser uma frase linda, uma analogia perfeita de um qualquer livro fútil, de qualquer reles escritor de euros na ponta da caneta. Mas não... vais morrer... as palavras vão voltar a ti... as palavras que tantas vezes sussurraste, que tantas vezes gritaste quando sozinho, que tantas vezes guardas.te no bolso para melhores dias.

E nesse dia vais perceber, que pior do que morrer no silêncio é ficar a transbordar de palavras que nunca poderão ser ditas.