quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estou

Estou na cama - oiço o coração bater contra os lençóis, ao longe oiço o teu caminhar a favor do meu, vem no vento.
Ao longe dormes, e no teu respirar oiço o mar enrolar-se nos teus pés, saltar-te para cima da cama e beijar-te devagar o sorrir como lhe pedi.Penso em ti quando a noite me rouba o teu rasto e fica só este eco com o teu nome gravado, como o meu telémovel, que às vezes, só porque sim, me pergunta por ti.Aperto-me num abraço porque tenho frio na tua ausência e a noite sem ti é mais estreita.[...]Estou dormente, o rasto bem cheio a trilhar-me de vazio os arrepios. Todos, mesmo os escondidos.
Tão longe como este sorriso a secar, sei-te regado todos os dias e sei que há tantas cores a afundar, que havemos de salvar umas quantas.Resistirão os arbustos e as neves, pintados de pouco.
Ouço o mar saliente, o mar entrelaçado nas tatuagens raspadas à faca. Sei das dores, dos sangues e conheço ainda o repouso solene dos abutres. Sei que me trarão notícias da noite prolongada até que esgote. Pedi-lhes que te regressassem com as ondas a cobrir de lua esses delírios nocturnos.Sei que chegarão, pontuais, a aumentar-te as estrelas.
Pousarão a acenar-te todas as respostas.

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