domingo, 30 de setembro de 2007

hoje não

Por vezes, quando não queremos perceber, nada há que se faça explicar.
Eras alto, gel no cabelo, e o ar desalinhado de qualquer poeira cósmica perfeita.
Pensaste sempre, ser dono de tudo e todos, e nem quando perdeste o universo te deste de conta de que a vida depois de desfeita, quase dificilmente se autorepara, ainda menos se te sentas à espera de uma qualquer intervenção divina, na qual nem se quer acreditas porque dizes com orgulho "só acredito no que vejo". E mesmo que acreditasses, pensarias se não serias tu próprio o tal Senhor de barba branca Todo Poderoso.
Mas depois telefonas-me a meio da noite, a pedir ajuda para ontem e adoração para amanhã, e só consigo ter pena. Porque apesar de todo tu seres solidão, os amores feridos raramente perdoam, e quase nunca saram e como tal, já não encontro força em mim para ti, ou talvez a tenha perdido intencional e desesperadamente, só para não ter que a dividir contigo. Porque um dia me colonizaste e me moldaste a ti de tal forma, que ás vezes já nem me conheço. E agora quando estou prestes a quebrar o feitiço...voltas de olhos grandes e sorriso triste e com a plena convicção de que a minha vida parou por ti.
Mas hoje não! Hoje não te atendo o telefone nem te vou abrir a porta. E se olhares pela janela e me vires...é porque estou a ouvir os lobos a uivarem ao luar.

1000 à hora

A chuva chegou e com ela todas as pequeninas músicas. A minha televisão insiste em se encher de formigas assassinas da imagem e não me deixa ver nem sequer as chiquititas que já devem ter começado à imenso tempo. Sim para quem não sabe e acha extremamente infantil, eu vejo as chiquititas, e acho o máximo que mesmo sendo ficção exista alguém que resista e não ultrapasse a barreira do crescer. E gosto principalmente da cor e das 24 horas para sorrir. E eu sorrio também...
Os crescidos não sabem brincar, estão embrenhados numa especie de concha que lhes dita o que devem e o que não devem fazer. "é mau andar à chuva", "não podes rebolar assim pela relva", e porque? Quem estabeleceu as regras? Será que já pararam um momento sequer para sentir as gotas a atravessarem o corpo, para pisar as poças até ficarem encharcados? Já experimentaram a liberdade... as gargalhadas? Eu cá acho que não, porque duvido até que saibam rir sequer. Fazem algo parecido com isso, mas seguindo o estúpido manual para sorrir, e até elaboram sorrisos diferentes para pessoas diferentes, em situações diferentes. É isso ser adulto? Afundar.se nas muralhas de papéis e seguir os regulamentos, que um dia alguem achou serem os certos?
Preocupam.se demasiado com a ovelha, porque não a conseguem desenhar dentro da caixa pequenina.
E depois deixam de conseguir brincar. Porque só vem chapéus... e os elefantes dentro das serpentes são demasiado elaborados para os seus pequeninos cerebros.



o fim

" If we shadows have offended,
Think but this, and all is mended,
That you have but slumber'd here
While these visions did appear.
And this weak and idle theme,
No more yielding but a dream,
Gentles, do not reprehend:
if you pardon, we will mend:
And, as I am an honest Puck,
If we have unearned luck
Now to 'scape the serpent's tongue,
We will make amends ere long;
Else the Puck a liar call;
So, good night unto you all.
Give me your hands, if we be friends,
And Robin shall restore amends. "

Midnight Summer Dream - WS

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

...

Corre o vento...desliza a àgua e o tempo dissolve.se numa especie de tela por pintar.
Disparam.se ameaças, esfaqueiam.se vontades e tudo não passa do sussurrar dos que pensam que sabem pensar. Sinto.me cansada, extremamente cansada, e tudo parece querer desabar. Tecto a mais, paredes a mais, pessoas a mais... e eu com vontade de fugir para um qualquer espaço onde possa pensar em nada. Simplesmente....Nada!!
Mas depois chegam os Srs das causas perdidas que se acham donos da verdade, duma qualquer verdade que não é a minha, porque a minha não a dou a ninguém, porque a construi sozinha e a conheço bem, porque não me vendo, não me dou e não me mostro a ninguém.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

É isto...

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O oeste é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem.

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
Meu tempo é quando.

Mi cut´s

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

"FP"